25 anos de Criança Esperança
Edição 2010 não é bem aceita, o show se transformou em teatro
O "Criança Esperança" completou na edição de 2010, 25 anos de existência. O projeto em si é um dos maiores méritos de campanhas sociais e que merece o reconhecimento e as doações porque é talvez o maior e mais transparente projeto solidário do Brasil. Contudo, as duas últimas edições deixaram a desejar e o espetáculo televisivo que reunia milhares de pessoas para ver um show musical, em que se apresentavam as grandes músicas do momento, sob o comando do diretor e ator Wolf Maya passou a ser um espetáculo teatral.
O programa ficou chato. A intenção não era ruim em transformar o palco que sempre serviu apenas para a apresentação dos artistas em um espaço para números musicais com iluminação caprichada, cenografia, bailarinos. O que pegou foi a falta de experiência na direção do evento, já que o que se pode ver é como não se deve ser o show. Os problemas foram variados como os cortes de cena primários, problemas no som e principalmente uma falta de sincronia. Outra coisa, o comandante da atração desses 25 anos, pouco apareceu.
Para fazer um espetáculo com mais de duas horas de duração exige muito ensaio, para que não haja a lentidão que o programa teve. O que se viu foram dançarinos mal treinados que demoravam para exibir as coreografias, as soluções motorizadas também foram totalmente sem sentido.
O Show
Mais de 600 artistas passaram pelo palco do Criança Esperança, que a Globo exibiu no último dia 14 de agosto. O show contou com as participações de celebridades como Gilberto Gil e Ivete Sangalo, Claudia Leite, Luan Santana, Ísis Valverde e Juliana Alves, os cantores Alexandre Pires, Diogo Nogueira, Roberta Sá, Léo Santana cantando o seu sucesso Rebolation.
A fraca impressão do público
Por ser 25 anos, a festa não teve todo o glamuour esperado, o que se viu foram inúmeras falhas, e é bom revelar que a atração foi gravada. Além disso, as ligações ficaram mais caras chegando aos 40 reais. Sabe-se que a maior parte das doações por telefone vem de pessoas de classe C, D, E que mesmo em situação difícil colaboram com causas sociais.
Faltou descontração e aproximação ao público de casa. Os artistas entravam, cantavam e desciam a rampa do palco, alguns sem nem pedir doações. Outro ponto que tirou a seriedade do evento foram os jornalistas Evaristo Costa e Sandra Annenberg conversando com personagens da Turma da Mônica. Bons tempos em que cada convidado era chamado por Renato Aragão e depois de cantar os seus sucessos ainda conversavam com a platéia.
Nem mesmo os momentos que tentaram passar graça e inocência infantil conseguiram isso. De bom apenas a turma do "Profissão Repórter" no comando das matérias jornalísticas, deram um ritmo diferente ao que geralmente era o ponto baixo do espetáculo.
O cantor Zéze di Camargo que faz dupla com Luciano demonstrou sua insatisfação e não participou desse ano. “No ano passado, nós participamos meio contrariados, por causa do formato do programa. Quando você vai a um programa desses, você quer cantar músicas que o povo gosta e conhece, e isso não aconteceu, nos deixando muito contrariados. Tivemos que cantar músicas que ninguém conhecia”, desabafou o sertanejo Zezé.
Diretores precisam entender que televisão não é cinema, não é teatro, não é Broadway. É televisão e brasileira. É cativar o público, para que façam suas doações, é entretenimento. Mas para Renato Aragão é a concretização de mais um sonho: “O meu sonho virou realidade com essa celebração de generosidade”. Já para o público que acompanhou na televisão o show até quase 1 da manhã, não ficou aquele gostinho de quero mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário