Pró Visão: Reabilitação e educação para os deficientes visuais
Uma das frases de José Saramago resume a sensação que você leitor terá a partir de agora: “Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara”. Mas você já pensou se você não enxerga, as dificuldades que você pode enfrentar o que você deve fazer? A Pró Visão – Sociedade Campineira de Atendimento ao Deficiente Visual realiza um trabalho acolhedor ao deficiente visual, atendendo pessoas de Campinas, região e até de outros estados, e, por isso, abrimos espaço para apresentar o benemérito trabalho da Pró Visão.
Todos os deficientes visuais podem ser reabilitar desde que tenham um atendimento adequado, e visando melhorar essas condições, a Pró Visão foi fundada em 1982 pela professora especializada em deficiência visual, a senhora Teresinha de Arruda Serra Von Zuben, que já estava aposentada e havia trabalhado com pessoas com essa deficiência os acompanhando até a universidade. Ela se deu conta de que existia uma rede de atendimento em Campinas, mas faltava atendimento ao bebe cego, e crianças novas. E essa demanda que é grande desde então é atendida pela Pró-Visão.
Atender a crianças com deficiência visual exige, de acordo com Cristina Von Zuben, sócia fundadora, “um trabalho super especializado, complexo. Existem bebês de cinco meses, e que necessitam de atendimento. O trabalho da Pró-Visão se estende as famílias, porque esse bebê certamente não é o filho desejado. Nenhum pai, nenhuma mãe deseja ter um filho deficiente, muito pelo contrário, busca ter um filho perfeito. Nosso trabalho é fazer com que essas famílias aceitem, se adaptar e compreender a mudança que a vida sofrerá a partir dessa realidade de um filho deficiente, proporcionando a eles amor e não rejeição”.
Inicialmente atendendo a crianças com até três anos, a demanda por assistência levou a Pró-Visão a estender o foco, atendendo pessoas de 0 a 90 anos, “não perdendo a prioridade ao bebê. Se hoje em Campinas só existe a Pró Visão, atendendo crianças de um modo geral, existem raríssimas entidades que atendem aos bebês”. Isso ocorre, porque se espera até a criança ir à escolha para começar o tratamento. Até os 3 anos existe a maior adaptabilidade cerebral, neurológica, para Cristina seria de extrema importância que as crianças com essa idade já começassem sua readaptação ao mundo, para mais cedo adquirir independência e não depender tanto dos outros.
A missão é ampla, vai desde a educação, reabilitação do deficiente visual até a luta pelos direitos dele, propondo medidas sociais que visam à inclusão social do deficiente visual na sociedade, propor medidas aos legisladores, denunciar casos de maus tratos (10 vezes mais agredidas do que crianças sem deficiência), visitar escolas. “A sociedade finge que não sabe, além de viver em um ambiente pobre, promiscuo de violência, a criança deficiente sofre além do preconceito e maus tratos, já que sua capacidade de defesa esta diminuída pela cegueira.”
Na Sociedade Campineira de Atendimento ao Deficiente Visual as crianças recebem a ajuda de psicólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos, assistente social, todos os técnicos com doutorado e alguns com mestrado, um nível técnico raro em entidade social. O trabalho começa repondo tudo o que ela perdeu, tudo o que a cegueira acarretou, dos danos que a cegueira causou. O primeiro trabalho leva a criança a passar por todas as etapas de desenvolvimento de uma criança normal, a criança vai engatinhar ajoelhar, caminhar, só que os estímulos são outros, é o barulho dos brinquedos, o guizo das bolas, todo o estímulo visual é substituído pelo auditivo. O segundo ponto é repor a capacidade de locomoção do deficiente, levar a ele a capacidade de se alimentar sozinho, de se vestir, cuidar da casa, todos esses trabalhos com técnicas e estímulos diferenciados. Para varrer a casa, por exemplo, a pessoa varre descalça, para que o tato informe onde está limpo e onde está sujo. E a dona de casa segue uma seqüência sentindo com os pés se está sujo ou não.
Para uma pessoa que perdeu a visão o trabalho é maior, pois essa pessoa já viu o estímulo visual, ela perde a vontade de comer, o apetite sexual, perde os sonhos e sofre muito mais. Essa pessoa sofre preconceito e os seus estímulos se modificam pelo olfato, tato, nova independência em relação ao horário, trabalho, estudos. A tecnologia avançou bastante nesse sentido, relógios que falam, sistemas informatizados em celulares e computadores. Carlos Eduardo Simões é um exemplo de superação nesse sentido, aos 18 anos ele sofreu um acidente de moto e perdeu a visão. Formou-se em administração de empresas e marketing, além disso, trabalhou no desenvolvimento de um software de voz, um leitor de telas, que é utilizado no computador, para ser usado por pessoas com deficiência. À primeira vista Carlos se revoltou acreditando ser o único cego do mundo, e foi encaminhado a uma assistência de recuperação. Ao perceber a existência de casos piores, Carlos viu como um estímulo que o motivou a continuar vivendo. Hoje desenvolve material didático de informática e material didático de administração. É casado, tem filhos e uma vida normal. “Por mais que eu não enxergue hoje dou muito mais valor à vida. Existem limitações, sim, mas recursos para que você ultrapasse algumas limitações”.
Para Ajudar a Pró Visão deposite a quantia que você puder na conta:
Banco Itaú Agência 0546 c/c 06023-7
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