Transtorno bipolar: O sobe e desce das emoções
No Brasil, 3% da população sofrem com transtornos mentais graves e persistente
Você sente que possui variações muito fortes de seu humor, muito além do que outras pessoas têm? Se a resposta for sim, é porque você pode estar sofrendo de Transtorno Bipolar e seus sintomas são severos e podem resultar em danos aos relacionamentos, desempenho ruim no trabalho, estudo e, em casos mais graves o suicídio. No passado, esse mal era conhecido como psicose maníaca depressiva, mas teve seu nome alterado por que não representava bem a questão. Hoje chamado de Transtorno Bipolar é um distúrbio psiquiátrico que se caracteriza por variações acentuadas de humor, ocorrendo freqüentemente crises de depressão e aceleração eufórica, ou seja, de mania. Essas oscilações podem causar sérios danos na vida da pessoa.
Nem sempre é fácil sua identificação. Até receber o diagnóstico correto, o paciente pode ser levado a consultar-se com diversos médicos, e demora-se muito tempo, além do necessário para chegar ao medicamento certo depois de constado o distúrbio. Na maioria dos adultos, as manifestações clínicas são clássicas: o humor oscila de um extremo ao outro, da alegria incontrolável e raciocínio veloz à depressão e apatia. A doença se apresenta por meio de um encontro de sintomas menos específicos, como impulsividade, irritabilidade, dispersão, agitação e acessos de raiva. As viagens do humor, num sentido ou noutro têm importante repercussão nas sensações, nas emoções, nas ideias e no comportamento da pessoa, com uma perda importante da saúde e da autonomia da personalidade.
As duas características principais do transtorno bipolar são a mania e a depressão. A mania é um estado de humor elevado e expansivo, eufórico ou irritável. No início a pessoa se sente alegre, ativa, sociável autoconfiante. Mas com a elevação de seu humor ocorrem algumas mudanças desse comportamento. A pessoa pode sofrer alterações emocionais súbitas e imprevisíveis, e os pensamentos aceleram-se, a fala torna-se mais rápida, ela muda de assunto freqüentemente, torna-se mais exigente e zanga-se quando os outros não acatam seus desejos e vontades. A pessoa pode sentir-se melhor e mais poderosa do que toda gente; dorme menos, tem energia excessiva, possibilitando uma hiperatividade ininterrupta. Perde também a noção de realidade, tem delírios, ouve vozes. Um episódio de mania é diagnosticado quando ocorrem três ou mais sintomas desses, em várias vezes ao dia, e por muitas vezes.
A Depressão é uma posição mais avançada do transtorno, pois é um estado de humor de tristeza e desespero. Os sinais e sintomas da depressão incluem o sentimento de culpa, inutilidade e pessimismo, uma forte ansiedade. A pessoa sente-se culpada, inútil, perde o interesse ou o prazer em atividades que costumava gostar, incluindo o sexo. Tem dificuldade de concentração, de lembrar e de tomar decisões, dorme demais ou não tem sono, tem pouca energia, sente-se cansado e tem alterações no apetite e ganho ou perda de peso não intencional. Chora facilmente e pensa em suicídio, morte.
O Transtorno de humor atinge de igual maneira homens e mulheres, em torno de 1 a 2% e, geralmente, entre 15 e 30 anos de idade. Pode atingir crianças, manifestando-se com sintomas de ansiedade e irritabilidade. Em média, as pessoas que sofrem do transtorno levam, oito anos, para serem diagnosticadas ou receberem o tratamento correto.
Não existe cura para o distúrbio. Algumas pessoas terão uma ou duas crises durante toda a vida, outras, recaem repetidas vezes. Não se sabe ao certo as causas da doença, mas que os fatores genéticos e biológicos tem papel essencial, como também o tipo de personalidade e os estresses que a pessoa enfrenta podem influenciar no desencadeamento da crise.
Existem grandes possibilidades de controlar a doença, através de medicamentos estabilizadores de humor, cuja ação terapêutica diminui as chances de recaídas, tanto das crises de depressão como de mania. Os estabilizadores de humor são a Olanzapina, a Lamotrigina, o Valproato, Carbonato de Lítio, e outros. Já os antidepressivos ajudam nas crises de depressão. É necessário também o acompanhamento psicológico individual e familiar para completar o tratamento. Para auxiliar o paciente, a família precisa saber o que é e como se trata o transtorno bipolar. Esse entendimento trará ao paciente a sensação de apoio e compreensão que serão importantes atitudes no relacionamento familiar.
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