O circo não pode perder a fantasia das crianças
A chegada do circo era um acontecimento festivo nas cidades, era a reunião de adultos e crianças que passavam algumas horas entretidos no mágico mundo circense, era a forma de adocicar a vida. Mas os anos se passaram e os costumes culturais se modificaram e o circo passou a ser menos valorizado.
Porém o circo não pode parar, e ele nunca vai se acabar. È o que afirma Marcos Frota, diretor do mais novo centro de convivência artística de Campinas, que começou a funcionar na Lagoa do Taquaral no começo de julho. O mágico e lúdico ambiente circense invadiu a cidade, trazido por Frota, a elogiada Universidade do Circo (Unicirco), que agrega espetáculos, projetos sociais e desenvolvimento de artistas circenses.
Para Frota, as pessoas não perderam o circo, o que é necessário acontecer é a sua redescoberta. “O circo precisa ser redescoberto pelas pessoas, pois é uma arte milenar, que não vai acabar nunca, pois está impregnada no inconsciente da humanidade. O público, principalmente a criança, precisa é de estímulo para ir ao circo, porque eles gostam.”
O que houve foi uma mudança de costumes. Hoje, com a globalização, a internet e as demais tecnologias de informação e toda a indústria do lazer que foi criada, o ato de brincar acaba sendo menosprezado em troca de diversões eletrônicas, como o videogame, troca – se o teatro, o circo, os fantoches pelo cinema, o DVD. Para Marcos Frota, toda a equipe do circo precisa trabalhar para que o circo não fique para trás. “O circo não pode perder a atenção das crianças, porque quem mantém viva a chama do circo são elas. O circo tem que se disponibilizar da tecnologia, tem que dispor de criatividade, de energia, de material urbano para ser reinventado a ponto de participar da discussão brasileira ao lado do teatro, da música, da ópera, da dança, do cinema, da literatura e das artes plásticas. O circo não pode ficar só na tradição, ele tem que juntar o antigo circo e o novo circo, capaz de prender a atenção das crianças e continuar emocionando aos adultos. Esse é o desafio do circo atual”.
Magia e alegria
O circo é livre para receber qualquer artista e qualquer público. Prova disso é o cadeirante, Rafael Antonio do Nascimento Ferreira, de 22 anos que faz movimentos de dança olímpica e break, há cinco anos. A deficiência nunca foi um problema na vida de Rafael que apesar de ter artrogripose congênita, possui força nos ossos. “Quando entro no palco e vejo cerca de duas mil pessoas me olhando admiradas com meu trabalho, isso é muito gratificante”, afirma.
Adultos e crianças entram em um clima totalmente leve quando estão próximos do picadeiro. O diretor Marcos Frota afirma que o circo consegue tornar a vida mais leve. “Você se compreende mais, você se perdoa mais, você fica menos exigente, menos estressado. O circo dá uma leveza espiritual para o caminho da gente. É uma mistura de gerações, mistura classes sociais, quebra barreiras e preconceitos. O circo é uma atividade lúdica, eterna e universal. É uma honra para mim, hoje, com 54 anos de idade, 30 de carreira e 25 de circo ser considerado pelo público brasileiro também como artista do circo.”
O trapezista Adriano Gouvea tem 20 anos, e também faz cama elástica e saltos de solo. Para Adriano, “o circo serve para refrescar a mente dos mais velhos, todos voltam a ser criança, a se divertir. E é essa a maior importância do circo, a sua magia. A criança vê a brincadeira do circo, fantasiam os números. Se alcançarmos o objetivo de entreter, fascinar e levar alegria ao nosso público ganhamos nosso dia”.
A arte do circo está esquecida?
Para Marcos Frota, não. O que ocorre é a falta de incentivo. O circo encontra muita dificuldade de terreno, de divulgação, de mídia, de patrocínio. Para solucionar isso deveria haver divulgação bem forte por parte do Ministério da Cultura a respeito da conceituação e da importância da arte do circo na vida das pessoas. Além disso, é existir a cumplicidade do poder público a fim de facilitar terreno, luz, água, banheiros, acessibilidade, para que o circo sempre encontre por parte do público o respeito de qualquer outro segmento artístico.
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