20 anos sem o Maluco Beleza
Cantor, compositor, autor de frases profundas Raul Seixas é lembrado pela música nacional
“Toca Raul”, quem nunca gritou nas noites brasileiras, o “Toca Raul”. Há vinte anos o público brasileiro perdia o cantor Raul Seixas, também conhecido como roqueiro filósofo. Essa marca é justificada porque suas canções tinham mensagens muito profundas que eram expressas de forma maluca. Quem não se lembra de “Eu não sou besta pra tirar onde de herói. Sou vacinado, eu sou cowboy, cowboy fora da lei”.
Também chamado de Maluco Beleza o cantor e compositor fez a história no Brasil, nascido em Salvador era uma pessoa muito simples e culta. Em casa possuía uma cultura que o faz adiantar-se àquilo que era ensinado nas escolas, porque ele mergulhava nos livros que tinha à disposição na biblioteca do pai. Essa aspiração por uma cultura mais alternativa proporcionou um gosto musical mais elitizado. Nomes como Luiz Gonzaga, e Elvis Presley fizeram parte da vida de Raul.
Mas foi um Festival Internacional da Canção promovido pela Rede Globo em 1972 que deu a projeção nacional para Raul Seixas. Foram duas músicas de sua autoria “Let me Thing” e “Eu sou eu Sucuri é o Diabo”. No ano seguinte “Ouro de Tolo” fez com que a carreira de Seixas explodisse. A música era um deboche sobre a Ditadura e o Milagre Econômico, cuja letra era quase uma autobiografia.
Em 1973 Seixas foi contratado pela Philipps (hoje Universal Music), gravando o LP “Krig-Há, Bandolo”. Nesse momento havia sido estabelecida uma parceria com o escritor Paulo Coelho lançando grandes hits nacionais, como Mosca na Sopa, Al Capone e a Metamorfose Ambulante: “Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
Logo Seixas ficou conhecido não só por ser um ótimo compositor e cantor como também por divulgar a Sociedade Alternativa. Foi preso e torturado pelo DOPS, exilou-se nos Estados Unidos. No entanto a música Gita que vendeu mais de 600.000 cópias e rendeu um disco de ouro, o fez retornar ao Brasil. Quem não se recorda de: “As vezes você me pergunta, por que é que eu sou tão calado/ Não falo de amor quase nada/ Nem fico sorrindo ao teu lado...”
“Há Dez Mil Anos Atrás”
Outras marcas de Raul foram seus LPs: “Novo Aeon” e “Há Dez Mil Anos Atrás”. Alguns dos seus marcos apesar de sucesso de público tinham desgosto da crítica. Eram os discos: O Dia em Que A Terra Parou, Mata Virgem e Por Quem Os Sinos Dobram. Esse maluco beleza soltava frases de muito impacto, com muita profundidade. Para ele a arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal. E mais profundo ainda: “Somos prisioneiros da vida e temos que suportá-la até que o último viaduto nos invada pela boca dentro e viaje eternamente em nossos corpos.
Nos últimos dois anos da década de 70 a vida pessoal de Raul Seixas começou a ir para um abismo. Ele começou a ter problemas de saúde devido ao consumo em excesso de álcool, que lhe causa a perda de um terço do pâncreas. Ele separa-se da mulher e filha que se mudam para os EUA. Conhece uma nova mulher, mas em menos de um ano de relacionamento se separa e começa a sofrer de depressão. Nos anos seguintes, tenta por várias vezes se recuperar. Grava outros LPS, tem uma nova filha. Em 1987 grava um disco de muito sucesso, e participa de programas de televisão como o fantástico.
O último disco lançado foi feito em parceria com um amigo de Seixas, o Marcelo Nova, foi intitulado de A Panela do Diabo. Este foi lançado um dia após a morte de Raul. O cantor foi vítima de uma parada Cardíaca, seu alcoolismo somado a diabete e o fato de não ter aplicado a insulina causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante. Esse álbum rendeu a família de Seixas um disco de ouro.
Nos dias de hoje as canções de Seixas permanecem eternizadas pelo gosto público. E a mensagem de suas canções pode ser seguida até hoje, como em Tente Outra Vez: “Veja. Não diga que a canção está perdida. Tenha fé em Deus, tenha fé na vida, tente outra vez”.
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