Falta de água
O desperdício aliado ao aumento populacional ameaça o planeta, já que a á água, pode sim, acabar
A escassez de água na Terra é um assunto que vem ganhando cada vez mais destaque em pesquisas, grupos de debate e na mídia. O que acontece é que houve um aumento gigantesco populacional, e o desperdício é incalculável. Além disso, questões de distribuição desigual, falta de saneamento complementam algumas das justificativas para ser possível afirmar que a falta de água pode sim ameaçar o planeta.
Segundo o biólogo e pesquisador da UFF Marcelo Bernardes é necessário desvincular a questão da escassez de água dos outros problemas ambientais, porque apesar de um colaborar com o outro, são diferentes. “O mau uso da água está diretamente relacionado ao mau uso da terra. Hoje podemos ver regiões em processo de desertificação relacionada ao desmatamento excessivo; elevados índices de mortalidade vinculados ao lançamento de efluentes domésticos; escassez devido ao excesso na captação ou desvio de água entre bacias”.
A maior parte da água no planeta é salgada: 97,5%. Os 2,5% do total que são constituídos água doce podem parecer pouco, mas seriam suficientes para a população humana, se bem utilizados. No entanto, algumas regiões que um dia já tiveram água em abundância e de qualidade hoje vivem a baixa oferta do recurso, comprometido por um crescimento populacional elevado e uma demanda exponencial desprovida de uso racional, acrescentando o mau uso, que inclui consumo em excesso e o descarte impróprio da água não tratada. A engenheira Heloisa Firmo, professora adjunta do DRHIMA (Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente) da Escola Politécnica da UFRJ, explica que “o problema da oferta de água é que ela é muito mal distribuída no planeta, ou seja, onde há muita disponibilidade, há poucos habitantes, e nas grandes cidades, onde há maior concentração populacional, a água está tão poluída que é caro demais recuperá-la",
Há evidências de que 25% do uso da água doce mundial excede a capacidade de fornecimento no longo prazo. Entre 15% e 35% da extração de água para irrigação supera a capacidade dos fornecimentos, e, portanto, é insustentável, como explica o cientista Jonathan Baillie. “De 1960 até agora, a população mundial cresceu mais do que o dobro e a economia mundial cresceu seis vezes. Sem uma política de desenvolvimento coerente, até 2050 haverá mais três milhões de pessoas no planeta, que criarão pressões sem precedentes sobre o mundo natural”.
Crise mundial da água
884 milhões de pessoas têm acesso inadequado e seguro a água potável.
2,5 bilhões de pessoas não têm acesso ao saneamento para eliminação de resíduos.
A crise também é complementada pelo uso excessivo de águas subterrâneas nas atividades agrícolas, sua conseqüente diminuição, e prejudicando diretamente a biodiversidade.
Além disso, existem conflitos regionais por causa da escassez de recursos hídricos, por vezes, resultado em guerra. Uma ausência de tratamento sanitário doméstico para a água é uma das principais causas de morte no mundo, principalmente em crianças menores de cinco anos. Mais da metade dos leitos hospitalares do mundo são ocupados por pacientes sofrendo de doenças transmitidas pela água. De acordo com o Banco Mundial, 88% de todas as doenças são causadas por água não potável, falta de saneamento adequado e falta de higiene.
Tomando conta de um bem precioso
Bernardes acredita que para evitar que os recursos hídricos se acabem é preciso que todos se envolvam. "Devemos absorver este problema como nosso e não dos outros, local e regionalmente. Somente assim iremos ver alguma resposta global. Sugiro que socialmente sejamos representados nos comitês de bacias hidrográficas e que valorizemos os projetos de uso sustentável, recuperação e monitoramento das águas".
Paralelamente à necessidade de medidas mais difíceis como a implementação efetiva da Política Nacional dos Recursos Hídricos para a engenheira Heloisa Firmo existem iniciativas fáceis e práticas que partem de cada um dos indivíduos: a diminuição do desperdício, a não-utilização de mangueiras como "vassouras hidráulicas" para a lavagem de calçadas; evitar banhos demorados, lavagem excessiva de roupas, fechar a torneira enquanto se escova os dentes. "É importante também a educação quanto ao respeito ao meio ambiente no sentido de não se jogar detritos nem lixo nos nossos rios, já tão deteriorados".
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