As incertezas de um MEMORIAL DO FUTURO
"O progresso do homem não é mais do que uma descoberta gradual de que as suas perguntas não têm significado."
[Antoine de Saint-Exupéry].
Chegou a grande hora não é possível mais esperar. A inspiração não chegou. As idéias vagas continuam dominando na cabeça. Como será meu futuro? O que eu quero estar fazendo daqui a cinco, dez anos? O que eu gostaria de saber mais detalhadamente? Algo simples, mas garanto que poucas pessoas já pararam para pensar o que elas gostariam de ver, ler, nos próximos dez anos. Talvez, vagamente se tenha uma noção, mas ela não está totalmente fechada. Mas para tentar imaginar o que seria meu futuro as idéias do passado e do presente são fundamentais. Como diria o físico e humanista alemão Albert Einstein: A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.
Ao se deparar com a idéia de falar do futuro, me lembrei de meus quatorze, quinze anos, quando fui obrigado pelo colégio a ler “Os Cus de Judas” de Antônio Lobo Antunes. Era um livro de vestibular o qual eu tinha que apresentar um seminário. Uma obra fragmentada sem linearidade que narra às histórias de inquietação do personagem principal que está na guerra dos angolanos. Como fazer um trabalho de um assunto que eu não gosto (a história de Angola, de que forma poderia modificar minha vida)? Um livro com esse nome é com essa capa. Eu poderia estar assistindo aquele seriado japonês, ou então jogando conversa fora no MSN. Mas entrei no mundo dos Judas sem nada entender. E hoje apesar de dizer que sou capaz de entender esse livro, continua não me atraindo.
Existe a idade para tudo. Não exatamente a idade física, mas a idade em que o individuo por conta própria fará a escolha do que hoje ele não escolheria de forma alguma. Muitas pessoas vão passar por aqui sem entender uma poesia de Fernando Pessoa, ou uma obra do literato Machado de Assis, do psicanalista Freud que estuda as teorias do ego, de um Gilberto Freyre, Sérgio Buarque, Roberto Scwarz, uma pintura de Leonardo da Vinci, Michelangelo, Di Cavalcanti. Cada pessoa tem suas experiências e conhecimentos nas áreas que escolhe, a cultura é gigantesca é dificilmente se consegue abstê-la por inteiro. Sempre alguém, não importa se mais novo que você, saberá algo que você não saiba.
Falar de cultura também é falar de parentesco familiar. De um lado vindos de Ribeirão Preto e do outro da Bahia. Mas vindos de muito cedo. Tanto é que costumes dos dois locais não são bem conhecidos. Da Bahia, a idéia de mesa farta e rica em quantidade é tradição da família. Do lado de Ribeirão, o desperdício é uma coisa que tomamos cuidado. Os pais de meu avô tinham sete filhos e a situação era de pobreza extrema. Quase sempre se comia arroz, feijão e farinha. E o desperdício não se refere somente a comida, mas ao dinheiro e outras pequenas coisas as quais se desperdiça bastante.
E ao longo desse processo de desenvolvimento eu ouvia canções antigas nos encontros semanais em que se reunia com meu avô para bater um papo, tomar uma cerveja e trocar experiências ouvindo suas histórias. Nomes como: Trio Los Panchos, Orlando Silva, Noel Rosa, Nelson Gonçalves, Silvio Caldas, Cascatinha e Inhana e tantos outros nomes do cancioneiro antigo, e de gosto de meu avô. Roberto Carlos, Erasmo Carlos e até a música sertaneja não muito antiga de Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano, um samba de Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Grupo Raça, Raça Negra e tantos outros, faziam parte do gosto e consequentemente eram ouvidos em ambiente familiar. A ópera, de vez em quando, também era apreciada no convívio familiar nas vozes de Luciano Pavaroti, Plácido Domingo e José Carreras.
O gosto pela leitura eu tinha. Mas era restrito aos livros de mistério. Lembro-me até hoje de minha coleção predileta: Vaga-lume. Monstros, bruxas, fantasmas, sangue, e uma linguagem simples que não permitem o leitor tirar o olho do livro e nem se perder no fim da meada. Nomes famosos atualmente escreveram para essa coleção como Maria José Dupré, Luiz Galdino, Marçal Aquino entre outros. E entre os títulos temos: Jogo Sujo, Meninos sem Pátria, Em busca do Diamante, Na Rota do Perigo, Menino de Asas e muitos outros.
E esse gosto foi se aprimorando e ainda permanece nos dias de hoje. “Recentemente li o best seller “O Labirinto” de Kate Moss,” O Código da Vinci”, os cinco primeiros volumes de Harry Potter criados pela escritora Britânica J. K. Rowling, O abusado de Caco Barcellos, O Vermelho e o Negro, O Processo, 1984, Lavoura Arcaica Dois irmãos, O nome do Bispo, Miséria à Americana (Bárbara Ehrenreich), O segredo de Joe Gould (Joseph Mitchell), Lolita (Vladimir Nabokov), e outros. Grande parte deles relacionados ao curso de Jornalismo, e os quais eu passei a admirar. Até textos mais filosóficos fizeram parte do meu pequeno mundo cultural: Marx, Benjamin, Locke, Rousseau, Kant, Weber, Arendt entre outros. As mais variadas palavras que passaram a fazer parte do meu conhecimento. “Sou mestre na arte de falar em silêncio, passei a minha vida toda conversando em silêncio e em silêncio acabei vivendo tragédias inteiras comigo mesmo”, ou então um Freud: “Contra o sofrimento que pode advir dos relacionamentos humanos, a defesa mais imediata é o isolamento voluntário, o manter-se à distância das outras pessoas".
E o cinema? Sempre fui uma pessoa apaixonada pela arte. Mas o cinema de moda mesmo, o Hollywoodiano. Consigo passar horas a ver um longa metragem de ação e suspense é facilmente um divertimento. Talvez quem saiba um dia eu faça cinema. Nomes como: Crash, Titanic, Sexto Sentido, o Ano em que meus pais saíram de férias, Volver, o Senhor das Armas, Tropa de Elite, Fantasma da Operá, Carandiru, Deus é Brasileiro, A espera de um Milagre, Olga, Dois Filhos de Francisco, O Homem que Copiava, são alguns dos filmes que representam parcialmente meu gosto cinematográfico. Como se vê o cinema Brasileiro tem se desenvolvido e produzindo boas longas. O mesmo ocorre com o teatro, o teatro popular, global, também me atrai. Mas recentemente tem-me despertado o interesse pelos teatros musicais: Fantasma da Ópera, por exemplo. Quero assistir ao Miss Saigon.
Mas e o futuro? Aprendi muitas coisas como citado até aqui, mas tenho muitos caminhos a percorrer ainda. A ambição é a palavra chave a ser percorrida. Quero nos próximos dez anos estar trabalhando em alguma assessoria de imprensa, ou na área de edição. Quero estar com minha família, com minha casa própria. E quem sabe ter me formado em psicologia, relações internacionais, cinema e porque não ciências sociais. Não necessariamente os quatro cursos. Essas são áreas que despertam interesse nesse escritor e quase jornalista que se forma dentro de um ano e que não imaginava que tinha tanto a dizer.
Quero estudar as vertentes cinematográficas, quero estudar mais a fundo a história e a música atual popular brasileira. Não só ouvir falar da construção do samba, do tropicalismo e de Elis Regina, Cazuza, Nara Leão, Tom Jobim, Torquato Neto, Chico Buarque, Raul Seixas, Carmem Miranda e outros. Quero também conhecer um pouco sobre operas. E estudar a história da Arte: eu nunca tinha prestado tamanha atenção em uma obra de arte, neogótica, Neoclássica, renascentista, não sei. Mas avaliando a edificação e a disponibilidade das cores, talvez você descubra Lacoonte e seus filhos, Gioconda, ou Monalisa, joga no google que você descobre o que é.
Se esses planos serão definitivos, não sei. Tudo pode mudar. Se quero me aprofundar em mais temas, talvez. Mas aguardemos pra ver, afinal, "O Progresso do homem não é mais do que uma descoberta gradual de que as suas perguntas não têm significado".
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